sexta-feira, 3 de abril de 2009

O Positivismo e a Ordem ( Prévia do Texto definitivo)

Caro Leitor, o texto abaixo é uma prévia do definitivo. Qualquer crítica ou/e sugestão,durante ou após esse período, serão bem aceitas. Obrigado.


Excetuando-se alguns conflitos, como o da Criméia (1854) e a guerra franco-prussiana de 1870, o século XIX foi de relativa paz no continente Europeu. As expansões do colonialismo na África e na Ásia deram forças para o enriquecimento do velho continente que passava por forte transformação industrial, e que necessitava conquistar novos mercados e fornecedores de matéria prima para suas nascentes indústrias.
Os produtos resultantes das descobertas científicas mudaram radicalmente e rapidamente o modo de vida do homem; o cavalo fora substituído pela locomotiva a vapor, o que possibilitou o transporte de cargas e de pessoas com velocidade e capacidade antes inimaginável. As vacinas deram fim ao flagelo de doenças infecciosas que destruíam populações inteiras.
Por todos os lados era possível constatar os efeitos “Positivos” resultantes da ciência. Tudo mudava, e para melhor, ao toque da ciência; o telegrafo possibilitou a comunicação quase instantânea com cidades distantes, o comércio entre as cidades foi fortemente impulsionado pelo desenvolvimento dos transportes; medicina possibilitou a instalação e criação de indústrias e as cidades, pois, pois o medo das epidemias nos grandes aglomerados humanos fora reduzido, a eletricidade iluminou as cidades e a vida do homem.
A ciência, por meio da tecnologia, proporcionou ao homem, em pouquíssimo tempo, menos de cem anos, conforto antes inimagináveis. Tudo sofre rápida transformação ao toque da ciência. A mesma parece ser um manto acolhedor que promete solucionar todos os problemas do homem. Provê conforto; da força a voz do homem, concede maior liberdade de movimento, da mais sobrevida e oferece ao homem mais opções de trabalho. A Ciência nesse contexto mostra-se como o melhor exemplo a ser seguido. Tão forte, que, mesmo após quase duzentos anos do auge da industrialização, sentimos reflexos dessas idéias. Muitas crianças, ao serem questionadas sobre o querem ser quando crescerem tem a resposta na ponta da língua: Cientista.
Neste ambiente envolto pelas “boas” transformações oferecidas pela tecnologia, não é de se estranhar o surgimento de uma corrente de pensamento que tem como base a própria ciência, nada mais justo e aceitável, tanto que a mesma conquistou rapidamente adeptos em todo o mundo, inclusive no Brasil.
Se a ciência resolve os problemas do homem, nada mais sensato do que buscar nesta, o que a torna tão especial. O positivismo extrai como não poderia deixar de ser, todas as principais características da ciência. O positivismo promete quase de forma messiânica uma nova visão do mundo. O positivismo exalta a necessidade de uma forte estabilidade política e social (Ordem- a ciência prescinde de uma concatenação de eventos para um resultado satisfatório) e o progresso como resultado e prêmio dessa ordem. Se na ciência funciona, por que não teria os mesmos resultados se aplicássemos as mesmas regras para a sociedade, pois, assim como na ciência em que o sucesso depende da ordem como conseqüência dessa organização, e sem a qual não seria possível nem mesmo fazer-se ciência. Na visão do positivista, a organização, ou seja, a ordem é condição necessária para se alcançar o progresso.
Este tipo de pensamento não é novo nem exclusivo dos positivistas, toda a instituição militar os tem como princípios, tanto que estas “novas” idéias foram bem recebidas nas casernas e por aqueles mais apaixonados por um modo de vida metódico.
No Brasil influenciado por essa corrente de pensamento, e aliado a uma conjetura econômica não favorável, os militares, seguindo a ordem proclamam a república, e como marca incontestável do pensamento dos seus apoiadores, ou mesmo uma possível homenagem ao seu maior representante, Auguste Comte faz com que seja registrado, e de certa forma, “imortalizado”, na nova bandeira da república, a máxima do pensamento positivista: ORDEM E PROGRESSO.
É interessante notar, que em quase as sociedades, ou melhor, países em foram feitas tentativas de impor a ordem, as mesmas falharam. Todas as ditaduras latino-americanas falharam, com exceção da cubana, que é um caso a parte, e merece um longo e bom estudo a parte.
Os antropólogos são unânimes em afirmar que os mitos guardam em seu cerne certa correspondência com a verdade. Neste sentido, o mito grego da criação do universo diz que antes havia o “Kaos” = a desordem, ou a não existência da lógica, que em certo sentido pode ser entendida como ordem, e num dado momento deste caos surge o “Kosmos” = belo, daí derivando palavras como cosmético, que dão beleza. Essa transformação guarda certa relação com uma teoria, atualmente, aceita por grande parte da comunidade cientifica. (O Big bang).
De posse dessa informação podemos, então, afirmar que somos filhos do cosmos, e que esse é filho do caos, e com base nesta certeza, inferir que somos, então, nesta seqüência, netos do caos. E como bons netos, pois, nesse caso específico, podemos afirmar categoricamente, que não existe a possibilidade de sermos “bastardos”, portanto, herdamos, necessariamente, alguma característica de nossos antepassados. Podemos, portanto, afirmar que temos por sobrenome comum e também a todos os seres desse cosmos, o “Kaos”. Somos belos pela natureza = universo, mas por herança tendemos a não ordem, ou ao “ilógico”, ou se preferir, ao “Kaos”. Este caos como caracterristica marcante e inerente ao homem. Mas... Também somos possuidores das características do cosmos, o homem e tudo que compõem este Belo = Cosmos” (Universo). Somos filhos do Kosmos (belo=Ordem), mas netos do Kaos temos, assim, em nossa constituição, elementos herdados do cosmos representados pelas forças de “Eros”, ou aquilo que une que congrega, ou o mesmo que coesão; e as forças do “Tanatus” herdado do caos, que divide que desordena representado, em seu sentido mais extremo pela morte, o que necessariamente não representa o fim, ou o completo desaparecimento, mas uma transformação, diferentemente, como a entendemos nos dias de hoje.
A matéria por não possuir consciência, e ser portadora de certa estabilidade, o seu “tanatus” esta de certa forma apaziguado, a mesma deixasse ser trabalhado com certa facilidade, isto se não teimarmos em invadir seus elementos constitutivos mais elementares (o núcleo do átomo). Deixam-se levar por certa ordem, e por meio de certas combinações, obtemos novos elementos, ou novas formas, que incorporadas ao mundo do homem proporcionando-lhe certo conforto, o mesmo as consideraram estas transformações como progresso.
Se a ordem imposta à matéria, pela ciência, é capaz de responder tão bem, e capaz de render-lhe frutos que tanta satisfação trazem ao homem, por que não utilizar o mesmo método da ciência com a “matéria humana”, ou seja, a sociedade; pensou Comte. A humanidade continuava sofrendo dos mesmos males, em todos os tempos, e, no entanto, via-se uma transformação radical em tudo que o cercava, porém, o homem continuava o mesmo. Comte sentiu que poderia oferecer algo transformador para a humanidade. Fez uma analise dos estágios por que passou a humanidade e na qual se encontrava. Seus estudos o levaram a afirmar que a humanidade passara por um estágio primitivo, denominado por ele de estágio teológico ou fictício, caracterizado pelo fetichismo, politeísmo e agentes sobrenaturais que dirigiam o homem em todos os seus atos. O segundo estágio, que ele caracterizou como intermediário, no qual nos encontramos de estágio metafísico ou abstrato, dominado pelas grandes religiões. Estágio este, só um pouco mais evoluído que o anterior. O estágio seguinte e definitivo será o Positivo ou Científico, em que a razão e a objetividade prevalecerão e guiarão os passos da humanidade.
Nem tudo são flores no processo de industrialização da Europa. As péssimas condições de vida dos operários, a destruição do modo de vida dos antigos tecelões, a exploração da Mao de obra infantil, as longas jornadas de trabalho, as tarefas repetitivas e extenuantes, a quase inexistência de repouso remunerado e outros mais fazem surgir movimentos de denúncia e alternativas a uma nova ordem social, movimentos esses, antagônicos e que denunciam esses males do industrialismo. Males esses que não negados pelo Positivismo, mas, que esse tipo de situação pode ser superado com o auxilio da ciência dada pelo Positivismo.
Auguste Comte (1798 – 1857) é o expoente Maximo do positivismo.
*criador da Sociologia.
* Autor do curso de Filosofia Positiva, em que expõe a sua famosa lei dos 3 estágios.
a) Estagio Teológico ou Fictício.
b) Estágio Metafísico; ou Abstrato.
c) Estágio Positivo ou Científico.

a) Estado primitivo ou teológico onde predomina os mitos, a crença em focas sobrenaturais.
b) Estado Intermediário ou metafísico, onde as forças sobrenaturais são substituídas por entidades abstratas, essências, idéias ou forças; caracterizado pelo predomínio das grandes religiões.
c) Estado Cientifico ou Positivo onde as sociedades se organizam em bases racionais e cientificas como são sociedades industriais contemporâneas
O positivismo prega o primado da ciência como o único conhecimento valido é o co cientifico e o único capaz de resolver todos os problemas humanos (materiais e sociais).
Os maiores representantes do positivismo foram:
• Auguste Comte (1798-1857) França.
• John Stuart Mill (1806- 1873). Inglaterra.
• Herbert Spencer (1820 – 1903). Inglaterra.
• Jakob Moleschot (1822 – 1893). Alemanha.
• Roberto Ardigò. (1828 – 1920). Itália.
Os pontos centrais do pensamento Positivista são:
1 - Primado da ciência; só conhecemos aquilo que a ciência nos da a conhecer, pois, o único método de conhecimento é o das ciências naturais.
2 – O método das ciências naturais (aquelas que buscam as leis causais e seu controle sobre os fatos. – causa e efeito). Vale para a natureza e também para o estudo da natureza.
3 – A Sociologia é fruto da Filosofia Positivista. Os fatos sociais podem ser mensuráveis e analisados sob o caráter cientifico.
4 – Exalta a Ciência como o único meio em condições de resolver todos os males da humanidade.
5 – Espírito de otimismo geral em relação em relação à ciência em funções dos grandes transformações que ocorrem devido a invenções e descobertas cientificas.
6 – Esse sentimento exacerbado na ciência acaba por deslocar a fé para si, e dando-lhe um caráter messiânico. (criação de um templo Positivista).
7 – O Positivismo é acusado de ter tomado para si
8 – Confiança total e irrestrita na ciência.
9 – A fé na ciência, com seu caráter empírico, leva a seus adeptos a combater concepções idealistas e espiritualistas que não ofereciam um resultado prático.
10 – É vista pelos Marxistas como a ideologia da burguesia do Séc. XIX.

Questionário

1 - O que é o positivismo?

2 – onde o mesmo surgiu e como era o “clima social” a época de seu aparecimento?

3 - O que é a lei dos 3 Estágios?

4 – Que ciência Auguste Comte fundou?

5 – Em que ponto a Filosofia Comteana é dogmática? Explique o Porquê?



Referencias:

Chalita, Gabriel. Vivendo a Filosofia/ Gabriel Chalita. – São Paulo: Atual, 2002.

Reale, G. historia da Filosofia, 5: do Romantismo ao Empiriocentrismo/ G. Reale, D. Antiseri; [trad. Ivo Storniolo]. – São Paulo: Paulus, 2005 – (Coleção história da filosofia).