terça-feira, 17 de junho de 2008

Hegel e o Determinismo da História

Hegel e o Determinismo da História

“O estudo da história universal resultou e deve resultar em que nela tudo aconteceu racionalmente, que ela foi a marcha racional e necessária do espírito universal.” –Historia da Filosofia – Hegel pág. 18.
Espírito cuja natureza é sempre idêntica – a razão não deve adormecer. Deve se utilizar à reflexão. “Quem observar o mundo racionalmente, também será visto da mesma forma.” – Idem pág. 18.
Hegel afirma que os homens não fazem a relação da história com Deus – a substância com força infinita em que tudo estaria sujeito, menos a “razão” que se nutre de si mesma e não necessita de objetos externos para se realizar, “é o ato puro, é o objetivo final absoluto, que faz passar do interior para o exterior”.
“O mundo da inteligência e da vontade não estão entregues ao acaso e que razão está na história.”
Hegel afirma que há uma razão superior que governa não só o mundo, mas todo o universo; para demonstrar isto ele cita como exemplo as leis da física, que são imutáveis e eternas e, por exemplo, os planetas e astros seguem as leis da gravidade e, no entanto não tem consciência deste fato. Assim como o homem que também esta sujeito as mesmas leis e não pode fugir destas mesmas tendo consciência delas. Hegel apresenta aqui sua posição mecanicista do mundo ao colocar num mesmo plano a realidade material e o lado da subjetividade humana.
A razão governa o mundo, mas está ligada a uma outra realidade superior que conhecemos na forma de realidade religiosa. O mundo não está ao acaso. Mesmo que não entendamos. A razão nos leva por meio da liberdade a um objetivo determinado pela razão. Temos que entender aqui a razão algo como transcendente ao homem, mas que o intelecto é inerente ao homem, a razão não. A razão é o espírito do Ser infinito que guia o homem como a gravidade guia os planetas e o homem não é capaz de perceber esta força. “Se a providência se manifesta em objetos e animais, por que não na história universal?”.
A natureza se realiza num plano especial e próprio a esta com suas leis e estados, mas somente com relação ao espírito. E na historia universal que este espírito se realiza alcançando sua forma mais completa no Estado.

O Problema da Liberdade

Assim como a substancia da matéria é o peso, a essência do espírito é a liberdade. “A liberdade é a única verdade do espírito.” O peso é inerente a matéria assim como a liberdade é ao espírito. A matéria é composta e procura seu ideal superando-se em busca de sua unidade que é seu contrário e se a mesma encontra-la já não seria mais matéria, teria desaparecido, a matéria tende ao ideal (realização Platônica) o espírito não, o espírito é em si mesmo, e algo que é por si mesmo é a própria liberdade. “A matéria tem a sua substancia fora de si; o espírito é o ser por si mesmo”. Ou seja, a própria liberdade.
Mas a liberdade esta no mundo e qual o objetivo do universo? A história universal esta no campo espiritual. O mundo compreende a natureza física e a psíquica. A natureza física intervem na historia universal. Porém é o espírito e o desenvolvimento deste o essencial, ou seja, o que realmente importa. Para Hegel a natureza é um objeto da razão e é no decurso da história universal que o espírito se realiza e pode se afirmar. (sua realidade mais concreta). O que temos como unicamente verdadeiro no espírito é a liberdade. A autoconsciência é a liberdade. A consciência de si, do mundo e de suas leis, e principalmente a consciência de uma razão superior a que estamos sujeitos e desconhecêssemos os seus objetivos finais assim a “historia universal é o progresso na consciência da liberdade com o mundo físico subordinado ao espírito.” E este o mundo físico não tem nenhuma verdade em relação ao espiritual a não ser com relação a si próprio. O mundo é matéria e esta não tem em si a essência e esta não se mostra a si própria e seu conhecer se da pelo seu objeto – a matéria – o seu contraponto, a dualidade é a sua principal característica, ou seja, não se mostra por inteiro, só a conhecemos pela superfície. O seu fim maior tende alcançar a idealidade, mas caso isto aconteça à mesma deixaria de existir, ou melhor, alcançaria a liberdade, pois já não seria matéria, mas espírito em estado de consciência, pois segundo Hegel liberdade é conhecimento de si e isto é a única finalidade do espírito. A historia universal tende para este fim, como próprio Hegel coloca todos os sacrifícios que foram colocados no amplo altar da terra foram para este objetivo. É o único objetivo imutável entre os outros sobre a terra, o único objetivo que se cumpre e que se realiza, a verdadeira força atuante, e isto é o que Deus quer do mundo. Hegel ainda coloca que Deus é a própria perfeição e sendo assim ele não pode desejar nada mais nada menos que a si mesmo, ou a sua própria vontade, a sua própria natureza e, é o que chamamos de idéia de liberdade. Ou ainda para Hegel a liberdade esta em Deus e não sua vontade e que a mesma se coincide com a nossa sem nos darmos conta deste fato. A nossa razão segue-nos nos mesmos passos, direcionados por esta razão em plena liberdade na vontade de Deus.

Um comentário:

SPECTRE1961 disse...

Minha resposta ... É oriunda do distante ano de 2015.


No entanto, no corredor infinito do Continuum ... "Tempo" é apenas uma percepção.


Não uma realidade concreta ...


Vosso texto concernente aos escritos e obras de Hengel ... São maravilhosos !


De fato, a vossa linguagem/comunicação ao discorrer sobre o cognicismo humano é tão acessível ... Que se torna uma incomensurável prazer passar horas lendo o vosso tão cativante blog.



Aonde quer que você esteve neste ano de 2015 ... Muito Obrigado !



נְסוֹרֶת